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Sob pressão do agro, extinção de reserva extrativista vira bandeira eleitoral na Amazônia
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Moradores tradicionais da Reserva Extrativista Jaci-Paraná, onde já há mais pasto que floresta, foram expulsos à bala
O piloto conduz o barco rio acima até avistar a casa que está buscando. Ao perceber que há gente na propriedade, baixa o tom de voz e evita se aproximar da margem para não ser visto. Quem olha a cena de longe pode ter a falsa impressão de que ele entrou ilegalmente na Reserva Extrativista (Resex) Jaci-Paraná, uma unidade de conservação em Rondônia criada para proteger de invasores as famílias que vivem da extração da seringa, da castanha, do açaí e de outros frutos da Amazônia.
Mas nesse território que se estende pela área de três municípios, inclusive a capital Porto Velho, essa lógica se inverteu. Dali, do meio do rio, Rodrigo* vê a casa que ajudou os pais a construírem ser utilizada por grileiros como base para a destruição da floresta que antes complementava o sustento familiar. “Eu tô com raiva, tô com ódio”, desabafa, constatando que a roça de macaxeira do pai e os pés de frutas nativas como cupuaçu e abacaxi cultivados pela mãe foram substituídos por bois e tratores.
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Em 2018, o casal de extrativistas decidiu fugir do local depois que a casa foi alvejada com tiros de arma de fogo enquanto eles trabalhavam. Antes disso, em duas ocasiões, os cadeados que trancavam as portas foram trocados durante sua ausência.
Desde então, a situação só piorou: de acordo com dados do governo do Estado, já há 765 fazendas dentro da unidade de conservação. E a proximidade das eleições acirra mais os ânimos: “Politicamente, não interessa ao Estado proteger a reserva, que é a mais visada pelos políticos de Rondônia [para extinção]”, analisa Aidee Torquato, ex-promotora do Ministério Público Estadual, que esteve à frente de muitas ações para impedir o fim da área verde.
Na Resex Jaci-Paraná tudo funciona com o sinal contrário. Quase 30 anos após sua criação, há mais pasto do que floresta por lá — embora a lei proíba a pecuária dentro da unidade de conservação. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 55,3% dos seus 191.234 hectares já foram transformados em capim.
via GIPHY / Infográfico por: Pedro Papini
Apenas dois moradores tradicionais resistem em seus terrenos, mas a população de bovinos cresce exponencialmente sob a proteção dos órgãos oficiais do Estado, que faz, inclusive, o controle de vacinação do rebanho ilegal contra febre aftosa. Enquanto o filho de extrativistas precisa falar baixo e olhar sempre para os lados, evitando ser visto, os invasores criam associações, fazem lobby e erguem faixas pedindo “regularização fundiária“. E o poder público está do lado deles.
“A gente tem que parabenizar essas pessoas que estão trabalhando, ralando, com a mão calejada. Esse é o bandido? Não, eu acho que esse é um herói, deveria ter recebido um prêmio”, defende Evandro Padovani, que até março de 2022 era o secretário de Agricultura de Rondônia — dias depois da declaração dada à reportagem ele deixou o cargo para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PSC (Partido Social Cristão). Em 2018, terminou a disputa como suplente, concorrendo com o slogan “Padovani da Agricultura”, que segue ativo em suas redes sociais e deve ser novamente sua plataforma eleitoral.

Evandro Padovani, que até março de 2022 era o secretário de Agricultura de Rondônia, defende publicamente os agricultores que invadiram ilegalmente a Resex / Otávio Lino
Em 2021, o governador Marcos Rocha (União Brasil), que se elegeu na esteira do bolsonarismo e busca mais quatro anos de mandato, contrariou pareceres da própria Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) e da Procuradoria Geral do Estado e enviou para a Assembleia Legislativa um projeto de lei que praticamente acabava com a Resex. O texto, aprovado sem votos contrários pelos parlamentares — dos 24, 17 votaram a favor do projeto e sete se abstiveram — diminuiria em 90% a área da Resex, de 191 mil para 22 mil hectares.
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A tentativa de redução da Resex foi freada apenas pelo Judiciário, que considerou a lei inconstitucional — mas parte do estrago já estava feito. “Medidas como essas vão fomentando cada vez mais a invasão, porque dão a ilusão de que em algum momento essas pessoas vão ser regularizadas”, diz Paulo Bonavigo, biólogo e presidente da Ecoporé, uma organização sem fins lucrativos que luta pela proteção do meio ambiente em Rondônia.
A Resex Jaci-Paraná é uma das unidades de conservação onde o desmatamento mais cresce no Brasil, conforme números do Inpe. Não por acaso, está localizada no estado amazônico que mais destruiu suas florestas. “Por causa do agronegócio, Rondônia sempre teve um movimento conservador e antiambiental muito forte. A eleição de Bolsonaro legitimou esse discurso e empoderou ainda mais os invasores”, explica Paulo Bonavigo.
O próprio presidente já teceu elogios à atuação dos deputados de Rondônia, estado que virou um balão de ensaio para as políticas de desregulamentação ambiental patrocinadas pelo governo de Jair Bolsonaro. Por isso, o risco é que a extinção de Jaci-Paraná abra um precedente perigoso para as outras áreas protegidas da Amazônia, cuja preservação é essencial para evitar o avanço do aquecimento global.
“O último relatório do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, na sigla em inglês] mostra que a Amazônia está perdendo o poder de fazer o equilíbrio climático, de resgatar o carbono da atmosfera”, destaca Txai Suruí, liderança indígena de Rondônia que em 2021 capturou a atenção de importantes chefes de Estado ao discursar na tribuna principal da COP 26, a Conferência Mundial do Clima.

“A Amazônia está perdendo o poder de fazer o equilíbrio climático”, destaca Txai Suruí / Otávio Lino
“Essa destruição passa também por comunidades que sempre viveram da floresta e agora estão sofrendo [com invasões e expulsões]”, completa Txai, também coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, que trabalha na defesa dos povos indígenas e do meio ambiente há 30 anos.
Peixe grande, peixe pequeno
Dona Cláudia*, mãe de Rodrigo, não teve tempo nem de sentir o gosto dos abacaxis que estavam começando a brotar quando ela e o marido, Roberto*, tiveram que sair fugidos da casa na beira do Rio Jaci-Paraná. A horta com couve, pimenta, cebola e outros temperos também ficou para trás, junto com uma boa parte da saúde de seu Roberto, que nunca se adaptou à vida em Porto Velho, para onde foram após escapar dos invasores.
“Era um monte de homem chegando armado. O trator veio na frente abrindo a estrada, tirando madeira. A casinha ficou lá, tava toda pintadinha”, lembra o idoso.
Assim como eles, a maioria das cerca de quarenta famílias de extrativistas que viviam na Resex Jaci-Paraná quando ela foi criada, em 1996, foi embora por conta das ameaças — realidade que se materializa nas casas abandonadas dentro da reserva. “A gente não vivia em paz, estava sempre assustado. Escutava pau caindo, eles abrindo mato, derrubando para plantar capim para o gado”, conta Isabel*, que também se viu obrigada a largar a floresta às pressas, deixando para trás a máquina de costura e a casa de farinha. “A minha vida foi só em seringal. Eu nunca morei na cidade, assim como tô agora. Eles tiraram meu sossego, minha paz.”

Na Resex Jaci-Paraná, é possível ver algumas das casas abandonadas pelos extrativistas expulsos por fazendeiros / Otávio Lino
Para Gustavo*, a ameaça chegou uma década atrás, pela boca de um homem armado: “O peixe maior é costume engolir um monte de menor”, disse o invasor.
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Sabedor de seu direito àquela terra, garantido por lei, Gustavo foi ao Ministério Público, ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), à delegacia ambiental, ao governo do Estado. Mas enquanto era mandado de um órgão público para o outro, viu as invasões ganharem corpo. Sem apoio, teve que deixar seu lote e passou a viver de favor. “Eles entraram como se fossem um bando de bicho, devorando tudo, vieram com trator, com caminhão. Hoje você só vê capim e boi berrando. Mais nada”, recorda.
Rebanho ilegal cresce 300% em sete anos
Documentos oficiais do governo do Estado mostram que em janeiro de 2022 havia 174.406 cabeças de gado na área protegida — número quase 300% maior do que o registrado em 2015, quando foi feito o primeiro levantamento do rebanho ilegal na Resex.
Parte desses animais abastece diferentes frigoríficos de Rondônia, inclusive aqueles pertencentes a grandes empresas que se comprometeram publicamente a não comprar animais de áreas desmatadas ilegalmente. No ano passado, o jornal estadunidense The New York Times revelou que bois criados na reserva foram comprados por frigoríficos da JBS, Marfrig e Minerva. No caso da JBS, a mesma prática já havia sido denunciada anteriormente pelo ((o))eco e pela Anistia Internacional.
A JBS afirma que essas publicações tinham erros metodológicos e que demonstrou, em cada um dos casos, a regularidade de suas compras. No caso da Marfrig, flagrada pela reportagem do The New York Times buscando gado dentro da Resex, a empresa disse que o erro foi da transportadora que embarcou os animais.
Já a Minerva argumenta que a falta de transparência sobre a movimentação do gado impede o monitoramento da origem dos animais desde o nascimento. Como o gado costuma passar por duas, três ou mais fazendas antes de chegar ao frigorífico, as empresas ficam sujeitas a manobras dos produtores que “lavam” o gado de Jaci-Paraná em fazendas regulares no entorno da reserva. Confira a íntegra das respostas das empresas aqui.
Impedir que os animais criados ilegalmente dentro da Resex chegassem aos consumidores, garantindo lucros para os pecuaristas irregulares, foi uma das maiores brigas de Aidee Maria Moser Torquato ao longo dos 18 anos em que esteve à frente da Promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público de Rondônia (MP-RO). Para isso, ela adotou a estratégia de pressionar a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do estado (Idaron) para que tomasse medidas concretas contra o rebanho ilegal.

Governo de Rondônia fecha os olhos para a ocupação ilegal da reserva para criação de gado / Otávio Lino
O órgão é responsável por garantir que os animais sejam vacinados contra a febre aftosa, por isso sabe quem são os pecuaristas e detém informações preciosas sobre o fluxo comercial entre criadores e frigoríficos. A agência, inclusive, emite os documentos que autorizam o trânsito dos animais de uma fazenda para outra e dessas para os abatedouros.
Caso se abstivesse dessas tarefas, sob a alegação da irregularidade dos bovinos dentro de uma reserva extrativista, o Idaron estrangularia a cadeia que fomenta a grilagem.
Mas as recomendações de Torquato foram solenemente ignoradas pelas autoridades do governo do Estado. “Como o Idaron faz vista grossa e não denuncia quem invadiu a Resex? Como emite a Guia de Trânsito Animal sem questionar a origem do gado? Isso só interessa a quem está lá produzindo gado e enriquecendo”, lamenta a ex-promotora, que se aposentou em 2020.
A reportagem entrou em contato com o Idaron, com a Sedam e o gabinete do governador Marcos Rocha, mas não obteve retorno.
A carne produzida nos municípios que abrangem a Resex Jaci-Paraná é exportada, principalmente para Hong Kong, região autônoma da China, mas também para o Egito, Rússia, Itália, Alemanha, Suiça e Dinamarca e outros 37 países.
Para Ivaneide Bandeira Cardozo, a Neidinha Suruí, coordenadora de projetos da Kanindé, quem compra essa carne também tem sua parcela de culpa na tragédia socioambiental da Amazônia. “Há uma guerra do setor econômico contra a natureza, contra os povos indígenas, contra os extrativistas, e essa guerra destrói o planeta. Nós só vamos parar essa devastação quando o mercado internacional der um basta.”

“Nós só vamos parar essa devastação quando o mercado internacional der um basta”, diz Neidinha Suruí / Otávio Lino
Governo desobedece a Justiça
Desde 2004, já houve pelo menos três decisões judiciais determinando a saída dos invasores da Resex Jaci-Paraná, a restauração da vegetação nativa e o pagamento de multas por parte dos grileiros, mas elas tampouco tiveram efeitos. “O Estado nunca cumpriu”, lembra Torquato.
A exceção foi o período entre 2011 e 2013, em que o hoje ambientalista da Ecoporé Paulo Bonavigo esteve à frente do órgão estadual responsável pela proteção das unidades de conservação do estado e tentou forçar a retirada do gado da área por meio de bloqueios nas estradas de acesso à Resex. O objetivo era impedir a entrada de novos animais e de qualquer insumo à atividade agropecuária. A pressão dentro e fora do governo, no entanto, acabou minando a iniciativa e o levou a deixar o cargo. “Às vezes vinha um assessor de deputado me procurar, ou mesmo advogados ligados a políticos, querendo achar uma brecha legal para manter a invasão”, conta.
Em um estado que tem o agronegócio como carro-chefe da economia, a luta contra a Resex Jaci-Paraná virou bandeira eleitoral. A Assembleia Legislativa do Estado já tentou extinguir ou reduzir a unidade de conservação quatro vezes: em 2014, 2018, 2020 e em 2021, cujo ponto de partida foi um projeto de lei do governador do Estado.
“Essa pauta de redução de unidades de conservação é uma bandeira eleitoral em Rondônia há muitos anos”, explica Paulo Bonavigo, da Ecoporé, que acredita que este ano não será diferente. “Se você pensar que há cerca de 1.600 famílias vivendo ilegalmente dentro da Resex Jaci-Paraná, isso já é quase voto o suficiente para eleger um deputado.”
Por isso, não surpreende que, a 12 quilômetros de onde Rodrigo chora a casa que um dia foi sua, mas ainda dentro do perímetro protegido de Jaci-Paraná, João Marcelo da Silva faça planos de se candidatar a vereador mirando no voto dos grileiros. Ele é presidente da Aparar (Associação dos Pequenos Agricultores Rurais do Assentamento Renascer), que representa invasores assumidos: “Quando chegamos aqui sabíamos que era reserva”, admite. “Só que todo mundo precisava dum pedaço de terra para manter o sustento”, justifica.

“Quando chegamos aqui sabíamos que era reserva”, admite João Marcelo da Silva, presidente da Aparar / Otávio Lino
Silva exibe uma faixa com os dizeres “Nós queremos o zoneamento e a regularização fundiária da área da Resex Jaci-Paraná” e acredita que a regularização dos grileiros será o trampolim para sua candidatura. “Antes de deitar tem que fazer a cama”, brinca. Trânsito na política oficial Silva já tem — segundo ele, foi a seu pedido que a prefeitura de Porto Velho mandou a retroescavadeira que consertava a estrada dentro da área invadida.
Embora os defensores do fim da Resex argumentem que quem está lá são pequenos produtores rurais, os dados do Idaron mostram que entre os invasores da unidade de conservação há pelo menos 21 fazendeiros com mais de mil cabeças de gado — em alguns casos, os rebanhos somam quase três mil animais, enquanto a média em propriedades familiares obtida pelo último censo agropecuário do IBGE é de 80 cabeças por propriedade em Rondônia.
“Nas investigações do Ministério Público detectamos empresários de outros ramos que exploram pecuária dentro da Resex, mas também laranjas. Pessoas que possuem o gado em seu nome, mas que não têm condição financeira para isso”, conta Aidee Torquato. “Já aconteceu de identificarmos uma cabeleireira com 500 cabeças de gado, por exemplo.”
“A gente vê desmatamentos de quase 1.000 hectares de uma hora pra outra, e isso exige muito dinheiro, então não são pessoas com pouca renda que foram invadindo essas áreas”, salienta Paulo Bonavigo, da Ecoporé.
Vitória do atrevimento
José Maria, um dos fundadores da Organização dos Seringueiros de Rondônia e principal liderança extrativista do Estado, ainda guarda as fotos tiradas em 9 de março de 1996, quando foi realizada a assembleia de criação da associação de extrativistas de Jaci-Paraná. Na imagem, cerca de trinta pessoas, a maioria homens, olham sorridentes para a câmera. Em outro retrato, Zé Maria e um companheiro tomam banho em um rio ainda cercado pela floresta densa, imagem rara atualmente dentro da área.
A extensão do estrago é o principal argumento de quem quer o fim da reserva. “A floresta a gente tem que cuidar enquanto ela não foi derrubada. Depois que derrubou, não adianta”, argumenta Padovani.
:: PL que flexibiliza regularização fundiária premia invasores, avaliam especialistas ::
Mas a Justiça brasileira não aceita a teoria do fato consumado – de que a retirada dos invasores é inútil porque o desmatamento já aconteceu – como justificativa para a perpetuação de crimes ambientais. O desembargador Miguel Monico Neto, do Tribunal de Justiça de Rondônia, reforça esse entendimento: “Seria uma vitória do atrevimento. Vamos premiar a ilegalidade?”, questiona o magistrado, que votou contra o projeto de redução da Resex na sessão que declarou a iniciativa inconstitucional.
“Juridicamente, não existe fato consumado quando o assunto é a proteção do meio ambiente. O que é ilegal é ilegal e tem que ser recuperado”, frisa Torquato, que desenvolveu, junto com técnicos do MP, um cálculo para cobrar indenizações pela perda de biodiversidade — dinheiro que poderia ser aplicado em programas de recuperação ambiental.
A justificativa de quem quer entregar a Resex aos invasores tampouco encontra respaldo na ciência e na experiência prática, já que a floresta já provou que é capaz de se recuperar pelo simples abandono da área. Apenas na Amazônia, pesquisadores identificaram 7,2 milhões de hectares passíveis de recuperação, o equivalente a 60% da meta assumida pelo Brasil no Acordo de Paris, de recuperar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. É quando se encerra o período que a ONU (Organização das Nações Unidas) designou como a “Década da Restauração” para inspirar e apoiar governos, empresas e sociedade civil a promoverem iniciativas de recuperação florestal em todo o mundo.
“Ao contrário do discurso do governo, a gente acredita que dá para recuperar a Resex, reflorestar, devolver aos seringueiros que foram expulsos e desenvolver com eles projetos de reflorestamento”, defende Neidinha. “A gente tem que devolver para a floresta aquilo que tiramos dela e só assim que a gente vai conseguir reverter essa crise pela qual estamos passando”, acrescenta Txai Suruí.
*Por questão de segurança, os nomes dos entrevistados foram modificados.
**Essa reportagem foi financiada pela WWF Brasil.
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Lula sanciona isenção do IR em ato histórico para os trabalhadores
Publicado em
2 dias atrásem
27/11/2025
Presidente celebrou a entrega da promessa de campanha que beneficiará 15 milhões de brasileiros
Foto: Diogo Zacarias/MF
O presidente Lula sancionou, nesta quarta-feira (26), a lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para contribuintes que recebem até R$ 5 mil mensais e que também trará descontos para rendas de até R$ 7.350.
Com a sanção, as novas regras já passam a valer para a declaração do próximo ano. Segundo o governo, cerca de 15 milhões de brasileiros serão beneficiados, sendo que 10 milhões deixarão de pagar IR e 5 milhões terão redução no recolhimento.
O ato foi celebrado pelo presidente, que cumpre promessa feita na campanha que o levou ao terceiro mandato. Ao dirigir a palavra ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lula disse que a lei entregue compõe uma série de outras iniciativas para elevar o desenvolvimento do país com justiça social.
Leia mais: Economia com isenção do IR chega a mais de R$ 4 mil por ano; veja tabela
“Eu estou feliz hoje, Haddad. Eu não esqueço nunca o dia que você foi no [Palácio] Alvorada me levar o projeto. E me entregou um pacote: ‘está aqui, presidente, a sua promessa de campanha’. Estamos entregando hoje. Nós temos outras coisas para entregar e vamos entregar para elevar esse país a um padrão de desenvolvimento médio. Esse país não pode continuar sendo desigual do jeito que é. Não pode, não precisa e não deve, porque temos todas as condições de dar um salto de qualidade. É só a gente querer. Eu quero. Tenho certeza de que vocês querem. O que precisa é iniciativa”, exaltou o presidente.
Na sequência, Lula ainda comentou o início do cumprimento de pena dos envolvidos na trama golpista.
“Esse país, ontem, deu uma lição de democracia ao mundo. Sem nenhum alarde a justiça brasileira mostrou a sua força, não se amedrontou com as ameaças de fora e fez um julgamento primoroso, onde não tem uma acusação de oposição. É tudo acusação dentro da quadrilha que tentou dar um golpe nesse país. E pela primeira vez em 500 anos na história desse país, você tem alguém preso por tentativa de golpe. Você tem um ex-presidente e quatro generais de quatro estrelas presos em uma demonstração de que democracia vale para todos. Democracia não é privilégio de ninguém. É um direito de 215 milhões de brasileiros. Portanto, eu estou feliz, porque esse país demonstrou que está maduro para exercer a democracia na sua mais alta plenitude”, frisou.

Andar de cima convidado a contribuir
Por sua vez, o ministro da Fazenda ressaltou que o governo Lula está encerrando o seu terceiro ano com excelentes indicadores: a menor inflação da história do Brasil em quatro anos; o menor desemprego da história; o melhor índice de Gini, que mede a desigualdade; e o melhor resultado primário das contas públicas.
Haddad ainda disse que foi preciso reconhecer a necessidade de sair do déficit crônico das contas públicas imposto há 10 anos, mas sem fazer com que o ajuste pese sobre os mais pobres.
“O salário mínimo ficou sem correção acima da inflação, sete anos. A tabela do Imposto de Renda ficou sem correção. Isso fez com que 20 milhões de brasileiros passassem a pagar IR pelo mero congelamento da tabela. Os programas sociais foram congelados, os salários de servidores congelados, sempre no lombo do trabalhador. Dessa vez nós resolvemos fazer diferente. Esse projeto, ele é um projeto neutro do ponto de vista fiscal, mas tudo que fizemos para ajustar as contas e que causa certa revolta em algumas pessoas, é que o andar de cima foi convidado a fazer o ajuste. Não foi o andar de baixo”, ressaltou o ministro.
O projeto de isenção de Imposto de Renda traz como medida para manter o equilíbrio fiscal e compensar a redução na arrecadação, o mecanismo de tributação de altas rendas, a partir de R$ 600 mil anuais, com uma cobrança gradual com alíquota máxima de até 10% sobre os rendimentos.
Leia mais: Com Lula, pobreza e desigualdade caem ao menor nível em três décadas
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também destacou a importância da medida para corrigir a injustiça tributária brasileira.
“Esse congelamento da tabela do Imposto de Renda fez com que tivesse um aumento do imposto pago pela classe trabalhadora de 31%. Um confisco, para não usar outra palavra, de 63 bilhões de reais tomados dos trabalhadores e demais contribuintes. O presidente Lula não apenas reajustou a tabela em seu primeiro ano, isentando quem recebia até dois salários mínimos, mas também está cumprindo o compromisso firmado, com a isenção de até R$ 5 mil e a redução do imposto retido de quem ganha até R$ 7.350. Mais do que corrigir o confisco do governo passado, estamos dando um primeiro e importante passo para corrigir a enorme injustiça tributária em nosso país, que perpetua a imensa e repugnante diferença da renda no Brasil”, afirmou.
Plebiscito Popular
O secretário-adjunto de Relações Internacionais da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e secretário Sindical Nacional do PCdoB, Nivaldo Santana, esteve na cerimônia de sanção.
“Estamos aqui no Palácio do Planalto em uma atividade com o presidente Lula e lideranças políticas, sindicais, estudantis e de diversas áreas, para comemorar uma grande vitória, a aprovação do projeto de lei que garante a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Essa era uma das bandeiras do Plebiscito Popular. A luta agora continua pelo fim da escala 6×1, pela redução da jornada de trabalho. Inclusive tem um projeto da nossa deputada federal, Daiana Santos, do PCdoB, que trata da matéria. É um grande dia, uma grande vitória”, reforçou Santana.
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Presidente Lula é convidado para a Festa Nacional da Uva 2026
Publicado em
2 dias atrásem
27/11/2025
Encontro ocorreu nesta quarta-feira, 26, no Palácio do Planalto
A comitiva da 35ª Festa Nacional da Uva esteve no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta quarta-feira, 26, onde foi recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante a visita, o grupo entregou o convite oficial para que o chefe do Estado prestigie a edição de 2026. Como forma de celebrar a identidade cultural da Serra Gaúcha, o presidente também foi presenteado com vinhos.
De acordo com o presidente da Comissão Comunitária da Festa, Fernando Bertotto, o encontro foi marcado por acolhimento e interesse. “O presidente foi extremamente receptivo e demonstrou grande respeito pela história da Festa da Uva. Entregamos o convite e um presente simbólico, representando o legado dos imigrantes e a força cultural de Caxias do Sul. Foi um momento de diálogo muito positivo e de valorização do nosso evento”, destacou.
A agenda da comitiva segue até amanhã, quinta-feira, 27, com compromissos em diferentes órgãos e instituições federais, fortalecendo a divulgação da Festa da Uva no cenário nacional.
Durante a passagem por Brasília, a comitiva também realizou visitas institucionais à Petrobras, Secom, BNDES, Conab, Vice-Presidência da República, Ministério do Turismo, Ministério da Cultura, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e ao Congresso Nacional.
Sobre a Festa da Uva
A Festa Nacional da Uva 2026 será um dos grandes destaques do calendário turístico e cultural do Rio Grande do Sul. De 19 de fevereiro a 8 de março, o Parque de Eventos Mário Bernardino Ramos, em Caxias do Sul, será palco da 35ª edição do evento, que celebra as origens, a fé e o espírito comunitário que moldaram a história da Serra Gaúcha.
Com o tema “Fruto de um sonho imigrante”, a Festa marcará os 150 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul, os 135 anos de emancipação de Caxias do Sul e os 95 anos da própria Festa da Uva. Mais do que uma celebração, a edição de 2026 será uma homenagem à trajetória de um povo que transformou desafios em conquistas e construiu, com união e trabalho, um dos símbolos mais fortes da identidade gaúcha.
Os tradicionais desfiles cênicos — entre os momentos mais esperados da programação — terão seis edições: o primeiro no dia 19 de fevereiro (quinta-feira), às 19h, seguido pelos dias 22 e 26 de fevereiro, 1º, 5 e 8 de março de 2026, sempre às quintas-feiras, às 20h, e aos domingos, às 16h, no centro de Caxias do Sul.
A área de expositores reunirá cerca de 400 marcas dos setores de indústria, comércio e serviços. O novo layout foi redesenhado com foco em acessibilidade, conforto e fluidez, garantindo uma experiência mais acolhedora e funcional para visitantes e expositores. A Comissão Comunitária prevê arrecadar cerca de R$ 2,5 milhões com a comercialização dos estandes, valor que será reinvestido na estrutura e organização da Festa.
Entre os espaços mais visitados, a Vila dos Distritos voltará a encantar o público com a cultura, os sabores e o artesanato das comunidades do interior. O local reunirá representantes dos distritos de Criúva, Fazenda Souza, Santa Lúcia do Piaí, Vila Cristina, Vila Oliva e Vila Seca, além das regiões administrativas de Ana Rech, Desvio Rizzo, Forqueta e Galópolis — um verdadeiro encontro entre a vida urbana e rural, destacando o orgulho e a diversidade que compõem Caxias do Sul.
Em 2026, os visitantes também poderão degustar mais de 150 toneladas de uva gelada das variedades Isabel, Niágara Rosa e Niágara Branca, distribuídas gratuitamente ao público — um gesto que simboliza a partilha e a essência da Festa.
Outro grande sucesso que retorna é a realização dos Jogos Coloniais, tradição desde 1994. As provas como corrida de carriola, debulhar o milho, amassar a uva com os pés, arremesso de queijo, fazer bigoli e corrida de trator garantem diversão e resgatam hábitos do interior. Nos sábados e domingos, às 16h, o público poderá ainda participar das Vivências Coloniais, no Espaço da Experiência, com atividades gratuitas e abertas a todas as idades.
A gastronomia típica é outro destaque: pratos como galeto, massa, polenta e outras delícias da culinária italiana e gaúcha estarão presentes, acompanhados por vinhos, espumantes e sucos de uva produzidos na região. Entre as experiências gastronômicas, o tradicional “Saguzaço” promete ser um dos momentos mais saborosos da programação — o preparo do sagu de vinho em uma panela gigante, a partir das 10h, e sua distribuição gratuita ao público a partir das 13h, nos dias 21, 28 de fevereiro e 7 de março.
Além das atrações culturais e gastronômicas, o Parque de Eventos contará com experiências que prometem envolver o público em momentos únicos de tradição, história e celebração. A Pisa da Uva Dançante será uma das vivências mais emblemáticas da Festa, permitindo que o visitante sinta o aroma da uva e a alegria das músicas típicas enquanto pisa o fruto símbolo da Serra Gaúcha. A atividade acontece no Parque da Festa de segunda a sexta-feira, às 18h, e aos sábados e domingos, às 15h e 18h. A participação é gratuita, com inscrições feitas no local, por ordem de chegada, e vagas limitadas por sessão.
Outro destaque será a visita guiada pela Réplica de Caxias do Sul de 1885, que convida o público a uma viagem no tempo. O percurso passa por quatro museus temáticos — o Museu da Festa da Uva, o Museu da Uva e do Vinho, o Museu do Comércio e o Museu da Água — e termina sob um parreiral com as principais variedades de uvas cultivadas na região. A experiência é gratuita, com duração aproximada de 40 minutos, e ocorre de segunda a sexta às 16h, e aos sábados e domingos às 14h e 16h, com saída do Pórtico.
E para encerrar o dia em grande estilo, o Brinde no Mirante promete um dos momentos mais encantadores da Festa. Com vista panorâmica de Caxias do Sul, a atividade convida o público a celebrar o entardecer com um brinde coletivo. O evento ocorre diariamente, a partir das 18h30, no Mirante do Parque — localizado no Pavilhão 2 — e funciona por adesão, com opções de taças de vinho, suco de uva ou espumantes.
A Festa da Uva também é palco de uma intensa programação cultural, com mais de 120 atrações de teatro, dança, música, corais, CTGs e grupos folclóricos de diferentes etnias, além de intervenções artísticas itinerantes que animam o público por todo o parque.
A trilha sonora oficial da edição, intitulada “Nosso Legado”, foi inspirada no poema Fruto de um sonho imigrante, de Mário Michelon, e composta por Alexandre Fritzen da Rocha e Bruno da Silva Borges, com letra assinada em parceria com Michelon. A música celebra o legado da imigração italiana e a diversidade cultural que hoje forma Caxias do Sul, onde mais de 50 etnias convivem e se reconhecem.
A Rainha Elisa dos Santos Pereira D’Mutti e as Princesas Júlia Dallegrave Scopel e Letícia Comin da Silva têm representado Caxias do Sul em diversas regiões do estado, levando o convite para que todos participem dessa grande celebração de cultura, alegria e pertencimento.
Para o presidente da Comissão Comunitária, Fernando Bertotto, a Festa da Uva é muito mais que um evento. “Ela é a expressão mais autêntica da alma caxiense. É quando celebramos o que somos — um povo trabalhador, acolhedor e cheio de história. O evento projeta Caxias do Sul e a Serra Gaúcha para todo o país, movimenta o turismo e a economia e reafirma o orgulho de pertencer a esta terra”, ressalta.
Com uma programação diversificada, forte envolvimento comunitário e experiências únicas para toda a família, a Festa Nacional da Uva 2026 reafirma seu papel como um dos maiores eventos culturais e turísticos do Brasil, celebrando o passado, o presente e o futuro de Caxias do Sul.
Os ingressos para a Festa Nacional da Uva 2026 podem ser adquiridos no site minhaentrada.com.br. O evento também oferece serviço de receptivo especializado, com atendimento para excursões, agências de turismo e operadoras de viagem interessadas em organizar grupos de visitantes.
Informações turísticas:
E-mail: turismo@festadauva.com.br
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Serviço — Festa Nacional da Uva 2026
Geral
Comitiva da Festa da Uva cumpre agenda oficial em Brasília
Publicado em
2 dias atrásem
26/11/2025
Visitas fortalecem relações institucionais e ampliam a projeção nacional do evento.
Em uma agenda que reforça a projeção nacional da 35ª Festa da Uva, a comitiva formada pela Rainha Elisa D’Mutti, as Princesas Júlia Dallegrave e Letícia Comin, o presidente da Comissão Comunitária, Fernando Bertotto, a diretora-executiva, Carla Pezzi, e a diretora social, Paula Viezzer, juntamente com a deputada federal Denise Pessôa, estão em Brasília para uma série de compromissos institucionais que fortalecem a divulgação do evento em nível nacional.
Durante a série de compromissos previstos na Capital Federal, o grupo participará de encontros em órgãos estratégicos do Governo Federal e instituições públicas, reforçando pautas relacionadas à cultura, turismo, desenvolvimento regional e promoção do evento, que é um dos maiores símbolos de identidade e tradição do Rio Grande do Sul.
A agenda inclui visitas à Petrobras, Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), BNDES, Conab, Vice-Presidência da República, Ministério do Turismo, Ministério da Cultura, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, além de agendas no Congresso Nacional.
A mobilização destaca a importância histórica, cultural e econômica da Festa para o Rio Grande do Sul e para o país. O conjunto de agendas busca fortalecer a presença do evento no cenário nacional, especialmente em um ano marcado pelos 150 anos da imigração italiana no estado.
*Com informações de Dinâmica Conteúdo Inteligente
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