O Ministério do Trabalho inclui 159 novos nomes; 1.530 pessoas foram resgatadas entre 2020 e 2025.
A nova atualização da chamada “Lista Suja” do trabalho análogo à escravidão trouxe um dado alarmante: 159 novos empregadores foram incluídos no cadastro divulgado nesta segunda-feira (6) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Entre eles estão 101 pessoas físicas e 58 empresas, um aumento de 20% em relação à lista anterior, o que reforça que, mesmo após avanços nas políticas de fiscalização, a exploração de trabalhadores ainda é uma chaga aberta no país.
De acordo com a Auditoria Fiscal do Trabalho, 1.530 pessoas foram resgatadas de condições degradantes entre 2020 e 2025. Os estados com maior número de inclusões foram Minas Gerais (33), São Paulo (19), Mato Grosso do Sul (13) e Bahia (12). As atividades mais associadas às violações incluem criação de gado para corte, serviços domésticos, colheita de café e construção civil.
Transparência e responsabilização
Criada em 2003, a “Lista Suja” tem o objetivo de dar transparência às ações de combate ao trabalho escravo, reunindo empregadores que já foram responsabilizados em processos administrativos com garantia de defesa e contraditório. Os nomes permanecem no cadastro por dois anos, e nesta edição 184 empregadores foram excluídos após cumprir o período.
A publicação é feita a cada seis meses e envolve uma ampla rede de órgãos públicos, incluindo a Polícia Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União.
Em 2020, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a constitucionalidade da lista, consolidando-a como instrumento legítimo de transparência pública, com base na Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011).
Três décadas de combate
O Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), criado em 1995, completou 30 anos de atuação em maio deste ano. Desde então, o grupo já resgatou mais de 68 mil trabalhadores em todo o Brasil e garantiu o pagamento de R$156 milhões em verbas salariais e rescisórias às vítimas.
As ações seguem o Fluxo Nacional de Atendimento às Vítimas do Trabalho Escravo, e envolvem uma complexa operação conjunta entre diferentes órgãos e forças de segurança. Apesar dos números expressivos, os fiscais alertam que as condições de vulnerabilidade social e econômica ainda alimentam o ciclo da exploração.
Denúncias e proteção
Casos de trabalho análogo à escravidão podem ser denunciados de forma anônima e gratuita por meio do Sistema Ipê, lançado em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). A plataforma é o canal oficial e exclusivo para esse tipo de denúncia e faz parte da estrutura nacional de acolhimento e encaminhamento das vítimas.
Para o MTE, fortalecer a denúncia é fortalecer a democracia e os direitos trabalhistas:
“Cada resgate é uma vida recuperada e uma página virada na história de exploração que o país ainda precisa superar”, reforça o comunicado do órgão.
A nova “Lista Suja” pode ser conferida aqui.
Por: Henrique Barbosa