Tradicional torcida inglesa foi proibida por lembrar passado de agressão europeia
Esta terça-feira (29) foi mais um dia com incidentes que mostram o choque cultural da Copa do Catar. Um torcedor foi retirado pela polícia e expulso do estádio por usar uma braçadeira LGBTQIA+ e uma torcida inglesa foi proibida de se vestir com roupas dos guerreiros cruzados da Idade Média.
Antes do jogo entre Irã e Estados Unidos, cinco policiais abordaram o torcedor estadunidense que estava na arquibancada, com a braçadeira com as cores da bandeira LGBTQIA+.
Protestos contra a homofobia – a homossexualidade é crime no Catar – vêm ocorrendo de forma quase diária nessa Copa do Mundo. A organização do Catar informou essa semana que liberou a bandeira LGBTQIA+ nos estádios, mas o episódio desta terça levanta dúvidas sobre a medida.
Antigas rusgas não são esquecidas facilmente, mesmo que elas tenham um milênio de idade.
A Fifa confirmou que atendeu a um pedido catari e vetou a presença da fantasia de cavaleiros cruzados, usada por torcedores ingleses, nos estádios da Copa. O ar fanfarrão dos torcedores não convenceu as autoridades organizadoras da Copa de 2022.
Os cruzados eram tropas europeias que entre os séculos 11 e 13 partiam de seus reinos rumo ao Oriente Médio, para “retomar Jerusalém” para o papa e a cristandade. Costuma-se dizer que entre 1096 e 1272 ocorreram nove cruzadas principais, porém durante todo esse período aconteceu um movimento quase permanente de peregrinos que buscavam elevação espiritual.
O problema é que do outro lado estava a população muçulmana – chamados à época de “infiéis” – que sofreu constantemente todo tipo de massacre, por mais de 200 anos, pelas mãos dos cristãos medievais. Nesse caso, é compreensível a pouca tolerância do Catar.
Torcedor vestido como cruzado em partida de futebol feminino entre Inglaterra e Irlanda do Norte. O Catar não viu o lado divertido / ADRIAN DENNIS / AFP