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Política

Movimentos pela paz, em defesa da democracia e do respeito às eleições se fortalecem

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“Carta aos Brasileiros” passa de 740 mil assinaturas; agro se une a manifesto da Fiesp, já assinado por Febraban

“Queremos um país próspero, justo e solidário, guiado pelos princípios republicanos expressos na Constituição” – Marianna Cartaxo / Mídia NINJA

Depois do episódio em que Jair Bolsonaro atacou o sistema eleitoral brasileiro, a democracia e ministros das altas cortes brasileiras no dia 18 de julho, diante de embaixadores de dezenas de países, se espalharam avaliações de que havia sido um grande erro, junto a relatos de bastidores em que diplomatas se diziam estupefatos. Desde então, manifestações e cartas em defesa da democracia e da paz, incluindo entidades e personalidades até então silenciosas, se disseminaram pelo país.

Na tarde desta quinta-feira (4), a Carta às Brasileiras e Brasileiros em Defesa do Esatado de Direito ultrapassou as 740 mil assinaturas. Além disso, entidades do agronegócio e da indústria médica se somaram ao manifesto em defesa da democracia articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O documento está assinado por mais de 100 entidades. A entidade empresarial desde janeiro deste ano é presidida por Josué Gomes da Silva, considerado um democrata por Luiz Gonzaga Belluzzo, por exemplo.

Anúncio de página inteira antecipado pela CNN Brasil é previsto para ser publicado nos jornais Folha de S.PauloO Estado de S. PauloO Globo e Valor Econômico nesta sexta-feira (5). Nele, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (PróGenéricos) e Todos Pela Educação aderiram ao manifesto da Fiesp já assinado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), 11 centrais sindicais de trabalhadores, União Nacional dos Estudantes, USP, Unesp, entre outras instituições.

Contra “divisionismos que ameaçam a paz”

Uma visita de Bolsonaro à Fiesp, prevista para o próximo dia 12, havia sido antecipada para o dia 11 a pedido do presidente. O 11 de agosto será o dia da leitura da Carta aos Brasileiros na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco. E também de manifestações do movimento nacional “fora Bolsonaro”, composto por dezenas de movimentos sociais. Informado de que seria convidado a assinar o manifesto da Fiesp, Bolsonaro desistiu de ir à federação. Organizações da sociedade calculam que quanto maior a mobilização em defesa da democracia, maior a chance de os atos golpistas convocados por Bolsonaro para 7 de setembro esvaziarem.

“Queremos um país próspero, justo e solidário, guiado pelos princípios republicanos expressos na Constituição, à qual todos nos curvamos, confiantes na vontade superior da democracia”, diz o anúncio, divulgado pela CNN. “Ela se fortalece com união, reformando o que exige reparos, não destruindo; somando as esperanças por um Brasil altivo e pacífico, não subtraindo-as com slogans e divisionismos que ameaçam a paz e o desenvolvimento almejados”, diz o texto.

“Todos os que subscrevem este ato reiteram seu compromisso inabalável com as instituições e as regras basilares do Estado Democrático de Direito”, afirma ainda o documento, que enaltece esta condição para o desenvolvimento, “o desafio maior do Sete de Setembro neste ano”. A menção ao bicentenário da Independência é emblemática, já que Bolsonaro reitera sistematicamente a convocação a seus apoiadores a irem às ruas “pela última vez” nessa data.

Agronegócio

Em outra manifestação impactante nas hostes bolsonaristas, a Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, que reúne 300 companhias ligadas ao agronegócio, indústria e varejo e entidades ambientalistas, divulgou nota nesta quarta-feira (3) em defesa do resultado das eleições.

“O futuro que queremos depende do diálogo entre divergentes e do respeito ao resultado das eleições. Este deve ser um ponto pacífico entre todos os atores que se dispõem a representar a sociedade brasileira à frente de um Estado democrático de Direito”, afirma a Coalizão.  “Em seu alicerce estão eleições limpas, onde se manifesta a vontade popular” .

O comunicado destaca ainda que, nos últimos 37 anos (portanto desde 1985, último ano do governo do general João Baptista Figueiredo), o Brasil se dedicou a “edificar um regime cidadão de instituições sólidas e calcado no respeito à lei e no equilíbrio de direitos e deveres”.

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Política

O Brasil saiu perdendo ao investir em obras na Venezuela?

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Política

Brasil retoma demarcações de terras indígenas após quatro anos de paralisação

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Governo Lula vai homologar 13 terras indígenas; entenda gargalos e desafios para continuidade das demarcações

O recém-criado Ministério dos Povos Indígenas, sob o comando de Sonia Guajajara (PSOL), pretende encaminhar para conclusão, nos primeiros meses de governo, processos demarcatórios de 13 terras indígenas nas regiões Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sul. 

São territórios marcados por conflitos pela posse da terra e que já cumpriram todas as etapas da regularização, livres de entraves judiciais. Aguardavam apenas a homologação por parte do Executivo, até então refém da política anti-indígena do governo de Jair Bolsonaro (PL).  

Na prática, a homologação garante aos povos originários direitos plenos sobre a terra, a posse permanente e o uso exclusivo dos recursos naturais. Também viabilizam o acesso a políticas públicas e têm o potencial de pacificar disputas violentas entre indígenas e não indígenas. 

Confira a lista de áreas a serem homologadas e os municípios:

  • Aldeia Velha em Porto Seguro (BA)
  • Kariri-Xocó em Porto Real do Colégio (AL)
  • Potiguara de Monte-Mor em Rio Tinto (PB)
  • Xukuru-Kariri em Palmeira dos Índios (AL)
  • Tremembé da Barra do Mundaú em Itapipoca (CE)
  • Morro dos Cavalos em Palhoça (SC)
  • Rio dos Índios em Vicente Dutra (RS)
  • Toldo Imbu em Abelardo Luz (SC)
  • Cacique Fontoura em São Félix do Araguaia (MT)
  • Arara do Rio Amônia em Marechal Thaumaturgo (AC)
  • Rio Gregório em Tarauacá (AC)
  • Uneiuxi em Santa Isabel do Rio Negro (AM)
  • Acapuri de Cima em Fonte Boa (AM)

Novo momento dos indígenas na política 

Para esses territórios, os próximos passos são a expulsão de invasores, além do reassentamento e indenização de não indígenas que tenham ocupado de boa fé as áreas demarcadas, como comunidades ribeirinhas e outros habitantes tradicionais dos biomas. 

Especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato afirmam que as homologações inauguram um novo momento da política brasileira e são fruto de um grau sem precedentes de participação dos povos indígenas na atuação do Estado. 

“Essa é um novidade histórica”, avalia Marcio Santilli, fundador do Instituto Socioambiental (ISA) e ativista pelos direitos indígenas há 40 anos.

:: BdF Explica | Por que os povos indígenas acusam Bolsonaro de genocídio ::

“Não é mais uma política indigenista, como no passado. Agora são lideranças indígenas legítimas, reconhecidas no âmbito do movimento indígena, que passam a exercer funções de Estado”, observa Santilli. 

As medidas dão concretude à promessa de campanha feita por Lula de fazer cumprir os direitos constitucionais dos povos indígenas. E são acompanhadas de mudanças importantes na Fundação Nacional do Índio (Funai), que passou a se chamar Fundação Nacional dos Povos Indígenas e, pela primeira vez, é presidida por uma mulher indígena, Joenia Wapichana

Homologações estavam na gaveta de Bolsonaro 

A homologação das 13 terras indígenas havia sido sugerida pela equipe de transição do governo federal. A gestão Bolsonaro foi marcada pela completa paralisação da regularização de terras indígenas, conforme o então candidato havia prometido durante a campanha eleitoral de 2018. 

“O que esses 13 processos estavam fazendo na gaveta que não foram homologados? Isso demonstra um explícito desejo do ex-presidente de descumprir a Constituição. Na verdade, o presidente Lula está retomando o cumprimento dos preceitos constitucionais”, aponta Santilli. 


Sonia Guajajara, Joenia Wapichana e Weibe Tapeba: respectivamente os novos titulares da Funai, do ministério dos Povos Indígenas e da secretaria de Saúde Indígena

:: Primeira semana de Lula lança luz a luta dos povos originários; confira nomeações indígenas ::

As terras indígenas prontas para homologação abrangem, juntas, cerca de 8,4 mil km², o equivalente a mais de cinco vezes a cidade de São Paulo (SP).

Segundo o ISA, 32% das 676 terras indígenas do Brasil ainda não foram homologadas e estão em etapas anteriores do processo demarcatório. 

Novo ministério deve priorizar Guarani Kaiowá, defende indigenista 

“Cada uma das 13 terras indígenas que serão homologadas têm histórico de muita guerra e muita luta”, destaca a antropóloga Barbara Arisi, da Universidade Livre de Amsterdam. 

“A Morro dos Cavalos em Florianópolis (SC), por exemplo, já era pra ter sido demarcada há muitos anos. E o estado de Santa Catarina é extremamente anti-indígena, então tem um significado muito importante”, comemora a indigenista. 

O primeiro esforço demarcatório do governo Lula foi celebrado por Arisi. Mas ela aponta que regiões importantes ficaram de fora, como as terras Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul, que passam por uma escalada de conflitos e mortes de indígenas.

Saiba mais: “Que esse governo retome o que nos pertence”, dizem mulheres Kaiowá e Guarani em carta a Lula

“O Mato Grosso do Sul é uma área de conflito onde eu acho que realmente o Ministério dos Povos Indígenas vai provavelmente colocar toda a sua força para também fazer andar as demarcações e resolver a situação de extrema violência”, diz. 

“Tomara que isso aconteça rápido, antes que os criminosos ambientais se organizem do lado de lá. Os trabalhos de demarcação podem demorar 10, 15, até 20 anos”, ressalta.

Pronta para homologação, área do “marco temporal” ficou de fora 

Clovis Brighenti, indigenista e professor de História das Sociedades Indígenas na América Latina da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), sentiu falta da terra indígena Ibirama La-Klãnõ na lista das primeiras homologações do governo Lula.

Habitada pelos Xokleng, a área é objeto da ação do chamado marco temporal das terras indígenas, julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O julgamento foi adiado pela terceira vez em junho do ano passado.

:: Movimento indígena demanda julgamento do marco temporal: “vai definir o futuro de nossos povos” ::

“Reconhecemos e respeitamos a decisão da comissão de transição que analisou as homologações, mas não há qualquer impedimento legal para a homologação deste território”, diz Brighenti. 

“A decisão [de não homologar a terra indígena Ibirama La-Klãnõ] pode ter levado em consideração o julgamento do marco temporal. Mas teria sido importante ela ter entrado na lista das terras a serem homologadas”, avalia. 

Empecilhos para continuidade das homologações 

O novo governo encontrará desafios significativos para prosseguir com a agenda de regularização de terras indígenas. Muitas delas estão travadas por ações judiciais protocoladas por não indígenas que se concederam legítimos ocupantes das terras. Há inclusive disputas protagonizadas por grades fazendeiros e empresas multinacionais.

Marcio Santilli, do Instituto Socioambiental, sugere um esforço jurídico concentrado por parte da Advocacia-Geral da União, no sentido de destravar as demarcações paralisadas pela Justiça. 

“Mas a verdade é que houve um corpo mole imenso por parte do último governo federal em todos esses níveis. Agora tudo isso pode ser agilizado. É preciso criar instrumentos para poder superar os gargalos que existem dentro dos processos demarcatórios”, afirma. 

:: Dossiê inédito revela como Bolsonaro transformou a Funai em um órgão anti-indígena ::

Outro empecilho a ser superado é a paralisação de estudos demarcatórios conduzidos por grupos de trabalho no âmbito da Funai. O déficit de servidores do órgão indigenista, que atingiu níveis críticos sob Bolsonaro, contribui para a morosidade desses procedimentos. E nem sempre há estudos antropológicos prévios que atestem a presença ancestral indígena. 

“As demarcações são simplesmente estabelecer os limites da terra. Tem toda uma agenda gigante, que é também de alto interesse nacional, que é a gestão desses territórios. Tem muita coisa pela frente para ser feita”, projeta o fundador do ISA. 

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Política

Com discurso de Lula na COP, Brasil retoma protagonismo no combate à fome e mudanças climáticas

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Diante do mundo, Lula se comprometeu com preservação da Amazônia, cobrou países ricos e pediu modernização da ONU

Em discurso oficial na COP27, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quarta-feira (16) uma nova governança global pautada pelo multilateralismo e focada no combate à desigualdade social, à fome e às mudanças climáticas.

A fala presenciada por apoiadores e líderes mundiais era um dos eventos mais aguardados da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), realizada em Sharm El Sheikh, no Egito, e foi frequentemente interrompida por aplausos. 

A frase que mais tenho ouvido dos líderes de diferentes países é que o mundo sente saudade do Brasil. Quero dizer para vocês que o Brasil está de volta – Lula  

Lula usou a palavra “esperança” para resumir qual deverá ser a contribuição do Brasil ao mundo a partir de 2023. “Esperança combinada com ações imediatas e decisivas pelo futuro do planeta e da humanidade”, declarou. A frase foi seguida por um coro de “o Brasil voltou”, puxado pela plateia. 

O governo de Jair Bolsonaro (PL) foi classificado pelo petista como “desastroso” no combate à desigualdade social e ao desmatamento. “Voltam a vigorar os valores civilizatórios e o compromisso de respeitar os direitos humanos e de enfrentar as mudanças climáticas”.  

O discurso devolve ao Brasil o papel de um dos mais importantes articuladores internacionais no combate às inseguranças alimentar e climática. A postura marca uma guinada em relação ao isolamento geopolítico e negacionismo ambiental que marca o mandato de Jair Bolsonaro (PL).

Veja os principais pontos do discurso 

Sem anunciar nomes de futuros ministros, Lula prometeu cobrar que os acordos climáticos já estabelecidos saiam do papel e ressaltou que os países ricos detêm a maior responsabilidade pelo agravamento do aquecimento global.

O petista declarou que o Brasil está aberto à cooperação internacional, mas “sem renunciar jamais à nossa soberania”.

Mais uma vez, o ele negou haver contradição entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. “É possível promover o desenvolvimento e a inclusão social tendo a natureza como aliada estratégica, e não mais como inimiga a ser abatida a golpe de tratores e motosserras”. 


Lotada, plateia puxa coro de “o Brasil de voltou” durante discurso de Lula / Divulgação

Outros compromissos para o mandato 

Quando assumir, Lula disse que pretende fomentar a integração dos países sulamericanos abrangidos pela Amazônia, para discutir “pela primeira vez” de forma soberana a promoção do desenvolvimento integrado da região, “com inclusão social e muita responsabilidade climática”. 

Outro compromisso foi oferecer o Brasil para sediar a COP30 em 2025, que, se depender de Lula, será realizada em um estado amazônico. “É para que as pessoas que defendem tanto a Amazônia tenham a noção da importância dessa parte do mundo”, justificou. 

“Em 2024 Brasil vai presidir o G20. Estejam certos de que a agenda climática será uma das prioridades”, afirmou. “Até porque eu preciso discutir com os países ricos algumas decisões tomadas em outras COPs. Essas decisões não saíram do papel e não foram executadas”. 

De improviso, Lula pede modernização da ONU

Ao fazer críticas à ONU, que organiza o evento, Lula abandonou a leitura do discurso e lamentou, de improviso, que “só os vencedores da segunda guerra mundial” participem do conselho de segurança das Nações Unidas. “A ONU precisa avançar”, afirmou. 

“Não é possível que a ONU seja dirigida pela mesma lógica geopolítica da segunda guerra. O mundo mudou, os países querem participar mais. Os continentes querem estar representados. O mundo tá precisando de uma governança global, sobretudo na questão climática”.

Reforçou compromissos de campanha 

Lula reforçou compromissos de campanha, entre eles a retomada do combate “sem trégua” ao desmatamento e a criação do ministério dos Povos Originários. Ele ressaltou que as populações indígenas e tradicionais da Amazônia devem ser protagonistas da estratégia de preservação do bioma.

“Vamos recriar e fortalecer todas as organizações de fiscalização e o sistema de monitoramento que foram desmontados nos últimos 4 anos. Vamos punir com todo o rigor os responsáveis por qualquer atividade ilegal, seja garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida”, declarou o ex-metalúrgico. 

Edição: Thalita Pires

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