Cultura
Livro Lavradores de Enxada apresenta novo olhar sob os movimentos migratórios do RS
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Obra de José Bianchi será lançada no dia 3 de maio, no centro de Cultura Ordovás, em Caxias do Sul
Apaixonado por ouvir pessoas e querendo muito descobrir a própria história, o descendente de imigrantes italianos José Bianchi partiu de Caxias do Sul, em 2019, para uma viagem à Itália em busca de suas origens. Ele só não imaginava que a experiência transformaria por completo sua vida e seria o início de uma pesquisa que durou quatro anos e o fez percorrer muitos caminhos.
Foi durante a visita aos lugares de origem dos bisavós Ernesto Bianchi (Veneza) e Maria Centelleghe (San Gregório Nelle Alpi) que teve início o livro Lavradores de Enxada , que será lançado no dia 3 de maio, às 19h, no Centro de Cultura Henrique Ordovás Filho, em Caxias do Sul. Na obra, que marca a estreia de Bianchi como escritor, ele apresenta um novo panorama sobre a vinda dos imigrantes ao Brasil, mais especificamente ao Rio Grande do Sul. O autor não fala apenas dos italianos, mas também conta histórias de espanhois, portugueses, holandeses, alemães, poloneses, suecos, franceses, suíços e indígenas.
A diversidade de etnias englobadas no livro teve em comum, na época da chegada ao Brasil, a mesma dificuldade no cultivo da terra devido aos terrenos extremamente íngremes e rochosos que lhes foram concedidos. Por isso “Lavradores de Enxada”, homens e mulheres que precisaram literalmente quebrar pedras para conseguir começar uma nova vida no país.
O que concluí com minha pesquisa é que a agricultura não sobreviveu nas comunidades onde os terrenos eram íngremes e não mecanizáveis. Os imigrantes que receberam esses espaços acabaram se mantendo apenas até a primeira geração. Depois, eles deixaram suas comunidades ou passaram a trabalhar na indústria. Isso fez com que muito da cultura desses imigrantes se perdesse.
Com uma linguagem simples e acessível, Bianchi, apresenta lugares, relata depoimentos e entrevistas com quase uma centena de personagens que, muitas vezes emocionados, falam sobre seus pais, avós e bisavós vindos da Europa. Relata ainda a realidade dos indígenas no início da colonização e alguns conflitos ocorridos. “Eu não procurei apenas contar o que já está nos livros, mas sim dar voz a quem ainda não havia sido ouvido. Contar o que as pessoas tinham a dizer sobre tudo o que ocorreu. Também registrei fatos descritos em jornais e depoimentos que ainda não estavam em livros” – conta Bianchi.
A obra é fruto de uma intensa pesquisa e uma escuta dedicada. O autor recorreu a diferentes estudos acadêmicos para embasar sua narrativa, mas o protagonismo de sua obra está na riqueza dos depoimentos e em seu olhar sem filtros ou preconceitos. “Algumas pessoas se emocionaram muito com a oportunidade de falar e eu também me emocionei ao ouvi-las. Fomos a lugares distantes, estradas de chão… era raro alguém negar um depoimento. Eles literalmente abriram suas casas e contaram suas histórias e é isso que relato no meu livro” – afirma o autor.
A coleta dos depoimentos começou na Itália, onde em muitos casos, Bianchi utilizou-se dos conhecimentos do ‘talian’ para ser compreendido. Além dos italianos, a pesquisa envolveu personagens residentes nos municípios de Veranópolis, Roca Salles, Coronel Pilar, Garibaldi, Bento Gonçalves, Monte Belo, Pinto Bandeira, Farroupilha, São Marcos, Caxias do Sul, Nova Petrópolis, São José do Hortêncio, Feliz, Vale Real, Alto Feliz, Morro Reuter, Santa Maria do Herval, Sapiranga, Montenegro, São Vendelino, Tupandi, Picada Café, Carlos Barbosa, Barão, Nova Pádua, Nova Roma do Sul, Vila Flores, Santo Antônio do Palma, Flores da Cunha e Antônio Prado.
O livro Lavradores de Enxada não se prende a uma ordem cronológica e, por vezes, aproveita fatos para fazer um contraponto com realidades atuais. É assim quando Bianchi apresenta um pouco da arquitetura deixada pelos imigrantes e faz um paralelo com escolas rurais abandonadas, nas mesmas localidades. Ao discorrer sobre diferentes etnias e suas culturas ele aborda curiosidades atuais como, por exemplo, a paixão das comunidades do interior pelo esporte amador, as festas de colônia, incluindo os “kerbs”, as bandas típicas e até a chegada da música eletrônica e os tradicionais conjuntos de baile.
E não poderia deixar de lançar seu olhar sobre temas atuais envolvendo a imigração recente. Em um trecho do livro, ele entrevistou um grupo de venezuelanos que veio para o Brasil em busca de trabalho e também abordou a vinda de haitianos e senegaleses.
O livro tem o financiamento da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e Prefeitura de Caxias do Sul, com apoio cultural de RandonCorp, Guinchos Vanin e Paris Administração e Participações.
O lançamento será em grande estilo, com um “mini filó” no Zarabatana Café, com a presença do Grupo Girotondo para alegrar o momento.
Serviço:
O que: Lançamento do livro Lavradores de Enxada, de José Bianchi
Quando: 3 de maio, sexta-feira, a partir das 19h
Onde: Zarabatana Café – Centro de Cultura Henrique Ordovás Filho (Luiz Antunes, 312 – Panazzolo, Caxias do Sul – RS)
Quanto: entrada franca. O livro estará à venda por R$ 60 (preço promocional de lançamento, exclusivo para o dia)
Sobre o autor:
José Bianchi nasceu em São Valentim da Segunda Légua, interior de Caxias do Sul, e é neto de imigrantes italianos oriundos das regiões do Vêneto ( família paterna) e de Trento (família materna), passou sua infância entre a capela de São Valentim e o interior do município de Feliz-RS. Graduado em Ciências Econômicas e Ciências Contábeis pela UCS, cursou parcialmente a Faculdade de Estudos Sociais. Lavradores de Enxada é seu primeiro livro.
Ele tem pós-graduação em Administração Hospitalar pelo IAHCS (Instituto de Administração Hospitalar e Ciência da Saúde, através da UCS). Foi presidente do IPAM (Instituto de Previdência e Assistência Municipal de Caxias do Sul), Secretário Municipal de Administração do município de Caxias do Sul e Diretor Administrativo da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. Aposentou-se no cargo de Oficial Legislativo, pertencente ao quadro de carreira da Câmara Municipal.
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Cultura
Samba de Caboclo com Quintal di Curimba acontece em Caxias do Sul neste sábado
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6 dias atrásem
06/12/2024O público da Serra Gaúcha vai curtir o Samba de Caboclo no sábado (7) na sede da União das Associações de Bairros (UAB) de Caxias do Sul. O grupo Quintal di Curimba vai trazer todo o encanto do samba de raiz e dos pontos de umbanda para embalar uma noite cheia de música e celebração.
O evento terá no cardápio comida de boteco e uma atmosfera descontraída, típica de rodas de samba e aquela energia que a música e a cultura afro-brasileira conseguem trazer. Os ingressos estão à venda por R$ 30,00. Informações pelo telefone: (54) 99165.1687
Serviço:
Evento: Samba de Caboclo – Quintal di Curimba
Data: 7 de dezembro
Horário: 20h
Local: UAB de Caxias do Sul
Ingresso: R$ 30,00
Cultura
2ª edição da Cantata de Natal da CIC comemora os 150 anos da Imigração ItalianaCom a temática Ricordo Di Natale , evento gratuito ocorrerá no dia 5 de dezembro no espaço do estacionamento da entidade
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1 semana atrásem
05/12/2024Com o tema Ricordo Di Natale, em alusão aos 150 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul, celebrados neste ano, a Câmara de Indústria Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) juntamente com o Instituto Ítalo Victor Bersani, promove a 2ª Cantata de Natal. O evento está marcado para 5 de dezembro, às 20h, no estacionamento da entidade (confira o serviço completo abaixo).
O espetáculo promete entrelaçar a magia do Natal com a chegada dos italianos ao Brasil. Para isso, contará com dez canções tipicamente natalinas, que prometem emocionar o público na voz de seis intérpretes, além de encenação Natalina. Haverá ainda a presença do Papai Noel, com a possibilidade de que as crianças de todas as idades possam fazer fotos com ele e levar essa recordação para casa.
A narrativa da encenação e das canções se desenvolve a partir da vivência da imigração e da construção de uma vila italiana. Temas como fé, família, cultura e esperança estarão em evidência, com destaque também a coreografias, histórias e músicas que fazem toda a diferença para evocar o sentimento humano e inspirar as pessoas.
A coordenadora da Diretoria de Cultura e Educação da CIC Caxias, Shirlei Omizzolo, salienta que o evento também é uma forma de aproximar a Câmara da comunidade caxiense. “Temos um espaço lindo que pode ser aproveitado pela comunidade. Queremos resgatar o espírito de Natal, aquele Natal em família, aquele Natal que lembra nossas origens” – salienta. Shirlei ainda pontua que o objetivo da diretoria é fomentar eventos como esse, contribuindo para que Caxias do Sul fortaleça um circuito de Natal com atividades que recebam moradores e turistas que visitam a Serra Gaúcha. “Temos várias comunidades realizando atividades natalinas maravilhosas. A CIC também está fazendo a sua parte. Juntos podemos fazer com que isso se torne uma grande atração. Podemos fomentar o turismo, a economia criativa, além de toda a cadeia dos profissionais da arte, cultura e eventos”.
Junto ao espetáculo, haverá ainda a Feira Natalina com expositores de economia criativa.
Durante o espetáculo Ricordo Di Natale, o estacionamento da CIC Caxias estará decorado com 19 árvores, customizadas por cada uma das diretorias da entidade. Após, elas serão doadas para instituições assistenciais do município.
Produção da Cantata de Natal é da produtora Caliandra Troian, por meio da empresa Cali Gestão Cultural. A realização é do Instituto Ítalo Victor Bersani, da CIC Caxias, do Ministério da Cultura. O financiamento é da Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio de Sicredi Pioneira, Simecs, Stella e Susin Francescutti, com apoio dos Supermercados Andreazza.
SERVIÇO
O quê: 2ª Cantata de Natal – Ricordo Di Natale
Quando: 5 de dezembro (quinta-feira)
Onde: estacionamento da CIC Caxias (rua Ítalo Victor Bersani, 1134, bairro Jardim América, Caxias do Sul)
*Em caso de chuva, o evento será transferido para o restaurante Sica Gastronomia e a feira, para a área interna do prédio.
- haverá estacionamento na CIC, porém na área lateral
Sobre o Instituto Ítalo Victor Bersani
Fundado em 29 de dezembro de 2011, o Instituto Ítalo Victor Bersani é uma associação, pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que se dedica a assistência social junto às empresas e ao poder público, promove a cultura e a conservação do patrimônio histórico e artístico, a promoção gratuita da educação, promove o voluntariado, estudos e pesquisas, o desenvolvimento de tecnologias alternativas, a produção e divulgação de conhecimentos técnicos e científicos, o estímulo à inovação, entre outras atividades, apoiando tecnicamente as empresas locais como, por exemplo, com formação por meio de cursos em diferentes níveis.
Sobre a CIC
Desde 1901, atua como entidade representativa empresarial da região Nordeste do RS, sendo uma das mais antigas do Brasil. Aglutina empresas de micro, pequeno e grande porte dos setores de indústria, comércio e serviços, atuando como parceira em negócios, fortalecendo o empreendedorismo, o voluntariado e o engajamento. Mensalmente, divulga relatório de desempenho da economia local e oferece suporte à realização de negócios, por meio de 19 diretorias em diferentes segmentos.
Cultura
Aprovado reajuste de 5,25% no Salário Mínimo Regional: aumento ficou abaixo do que as centrais reivindicavam
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1 semana atrásem
05/12/2024Após intensos debates e mobilizações lideradas pela CTB e outras centrais sindicais, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou, na última terça-feira, o reajuste de 5,25% no Salário Mínimo Regional. A votação, que contou com 40 votos favoráveis e 3 contrários, resultou em um índice inferior às perdas inflacionárias calculadas pelo DIEESE até dezembro de 2024, deixando o estado atrás de Paraná e Santa Catarina em termos de referência salarial.
A articulação das centrais sindicais foi determinante para superar as resistências do Governo Estadual e de setores empresariais. “O reajuste apresentado pelo governo e aprovado pelos deputados, de 5,25%, representou um avanço em relação aos percentuais propostos pelas entidades patronais, mas é insuficiente para repor as perdas acumuladas pelo mínimo regional em relação ao salário mínimo nacional e ao custo da cesta básica”, afirmou Guiomar Vidor, presidente da CTB-RS.
A decisão impacta diretamente cerca de 1,5 milhão de trabalhadores no estado, reforçando a importância da manutenção do Salário Mínimo Regional como um mecanismo de proteção social e valorização da mão de obra. Apesar disso, as federações empresariais mantêm sua oposição histórica, argumentando contra a existência do piso regional.
Emenda e insatisfações
A bancada da Federação PT-PCdoB, por meio do deputado Miguel Rossetto, apresentou uma emenda propondo um reajuste de 9%, que refletiria de forma mais justa as perdas inflacionárias. Contudo, a proposta foi rejeitada, gerando descontentamento entre lideranças sindicais.
Outro ponto de insatisfação foi a falta de retroatividade dos novos valores, que só entrarão em vigor após a sanção governamental. Representantes sindicais defendiam que o reajuste tivesse validade retroativa para mitigar os impactos financeiros acumulados pelos trabalhadores.
Perspectivas para 2025
A CTB já anunciou que dará continuidade à luta por um reajuste que efetivamente compense as perdas salariais. “Nosso compromisso é garantir que a reposição integral seja alcançada, e continuaremos mobilizados para que os novos valores tenham validade a partir de 1⁰ de maio do próximo ano”, declarou Vidor.
Enquanto a aprovação do reajuste representa uma conquista parcial, a busca por um índice mais justo permanece como uma prioridade para as centrais sindicais e movimentos de trabalhadores. O embate entre o avanço necessário e as resistências empresariais e governamentais promete ser uma pauta central no cenário político e social do Rio Grande do Sul em 2025.
Valores
Destinado às categorias de trabalhadores sem previsão em convenções ou acordos coletivos e àqueles que vivem na informalidade, o piso terá reajuste de 5,25%. Com o índice, as faixas salariais passam aos seguintes valores:
I – de R$ 1.656,52 para os seguintes trabalhadores: na agricultura e na pecuária; nas indústrias extrativas; em empresas de capturação do pescado (pesqueira); empregados domésticos; em turismo e hospitalidade; nas indústrias da construção civil; nas indústrias de instrumentos musicais e de brinquedos; em estabelecimentos hípicos; empregados motociclistas no transporte de documentos e de pequenos volumes – “motoboy”; e empregados em garagens e estacionamentos.
II – de R$ 1.694,66 para os seguintes trabalhadores: nas indústrias do vestuário e do calçado; nas indústrias de fiação e de tecelagem; nas indústrias de artefatos de couro; nas indústrias do papel, papelão e cortiça; em empresas distribuidoras e vendedoras de jornais e revistas e empregados em bancas, vendedores ambulantes de jornais e revistas; empregados da administração das empresas proprietárias de jornais e revistas; empregados em estabelecimentos de serviços de saúde; empregados em serviços de asseio, conservação e limpeza; nas empresas de telecomunicações, teleoperador (call-centers), “telemarketing”, “call-centers”, operadores de “voip” (voz sobre identificação e protocolo), TV a cabo e similares; e empregados em hotéis, restaurantes, bares e similares.
III – de R$ 1.733,10 para os seguintes trabalhadores: nas indústrias do mobiliário; nas indústrias químicas e farmacêuticas; nas indústrias cinematográficas; nas indústrias da alimentação; empregados no comércio em geral; empregados de agentes autônomos do comércio; empregados em exibidoras e distribuidoras cinematográficas; movimentadores de mercadorias em geral; no comércio armazenador; e auxiliares de administração de armazéns gerais.
IV – de R$ 1.801,55 para os seguintes trabalhadores: nas indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico; nas indústrias gráficas; nas indústrias de vidros, cristais, espelhos, cerâmica de louça e porcelana; nas indústrias de artefatos de borracha; em empresas de seguros privados e capitalização e de agentes autônomos de seguros privados e de crédito; em edifícios e condomínios residenciais, comerciais e similares; nas indústrias de joalheria e lapidação de pedras preciosas; auxiliares em administração escolar (empregados de estabelecimentos de ensino); empregados em entidades culturais, recreativas, de assistência social, de orientação e formação profissional; marinheiros fluviais de convés, marinheiros fluviais de máquinas, cozinheiros fluviais, taifeiros fluviais, empregados em escritórios de agências de navegação, empregados em terminais de contêineres e mestres e encarregados em estaleiros; vigilantes; e marítimos do 1º grupo de Aquaviários que laboram nas seções de Convés, Máquinas, Câmara e Saúde, em todos os níveis (I, II, III, IV, V, VI, VII e superiores).
V – de R$ 2.099,27para os trabalhadores técnicos de nível médio, tanto em cursos integrados, quanto subsequentes ou concomitantes.